This content is for members only.
Join Now

O Poderoso Chefão

2 Views
0
1972175 min

Análise Psicanalítica e Saúde Mental em O Poderoso Chefão

O Poderoso Chefão é um filme que vai além da história do crime organizado; ele é um estudo sobre poder, desejo, lealdade, culpa e a construção do sujeito dentro da dinâmica familiar. Sob a ótica da psicanálise, especialmente da teoria freudiana e lacaniana, a trajetória de Michael Corleone pode ser entendida como um processo de sucessão simbólica dentro do grande drama do desejo paterno e do destino imposto pela estrutura familiar.

Michael Corleone e o Complexo de Édipo Invertido

Michael inicia o filme tentando escapar do legado de seu pai. Ele é o filho que rejeita a máfia e deseja trilhar um caminho próprio, fora da influência paterna. No entanto, ao longo da narrativa, ele passa por um processo de identificação com Don Vito, até finalmente ocupar seu lugar.

Freud descreveu o Complexo de Édipo como o desejo inconsciente de tomar o lugar do pai, algo que normalmente é reprimido e leva à busca por uma identidade própria. No caso de Michael, esse processo se inverte: ele começa rejeitando o pai e seu mundo, mas ao final do filme, ele se torna o pai. Esse arco evidencia como a identidade de um sujeito pode ser determinada não apenas por seus desejos conscientes, mas também pelas expectativas e estruturas familiares às quais ele está submetido.

A Morte do Pai e a Assunção do Nome do Pai

Quando Don Vito Corleone morre, Michael não apenas assume seu lugar no comando da família, mas também incorpora seus valores e métodos, tornando-se ainda mais frio e implacável. Na psicanálise lacaniana, a Nomeação do Pai é o momento em que o indivíduo internaliza a autoridade paterna e passa a ocupar seu espaço simbólico. Michael não apenas herda o império de Don Vito, mas também assume sua identidade, rompendo com qualquer possibilidade de retorno à vida normal.

O Poder e a Solidão Psíquica

O poder, para Michael, vem acompanhado de isolamento e angústia. À medida que ele se fortalece, perde sua humanidade. O fechamento da porta no final do filme, separando-o de Kay (Diane Keaton), é uma metáfora visual para sua total transformação: ele não é mais um homem comum, mas sim O Poderoso Chefão. Essa cena sintetiza um conceito central na psicanálise: o preço do desejo. Michael obteve tudo o que seu pai construiu, mas, ao fazer isso, sacrificou sua própria subjetividade e suas relações afetivas.


Conclusão

O Poderoso Chefão é uma tragédia psicanalítica disfarçada de filme de máfia. A jornada de Michael Corleone representa a inevitabilidade da herança familiar e a destruição do sujeito pelo peso do poder. Ele começa como um homem que deseja escapar de seu destino, mas termina como a personificação do legado paterno, mostrando que, muitas vezes, quanto mais tentamos fugir de nosso inconsciente, mais profundamente nos tornamos aquilo que tememos.

Share

Filmes
Tv Shows
Vídeos
Pesquisar