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Pobres Criaturas
Análise Psicanalítica e de Saúde Mental
A Ressurreição e a (Re)Construção da Identidade
A premissa de Bella ser trazida de volta à vida com um cérebro infantil levanta questões sobre a formação da identidade. Na psicanálise, o “estádio do espelho” de Lacan descreve o momento em que a criança se reconhece como um “eu” distinto, formando sua identidade a partir da imagem refletida. Bella, com uma mente infantil em um corpo adulto, vivencia esse processo de maneira única, reconstruindo sua identidade em um mundo que já espera dela comportamentos adultos. Sua jornada reflete a busca pela autonomia e individuação, desafiando as normas sociais e questionando o que é ser verdadeiramente humano.
Desejo, Controle e Libertação Sexual
A narrativa de Bella também aborda a descoberta e expressão da sexualidade. Freud postulou que a repressão dos desejos sexuais pode levar a neuroses, enquanto a liberação desses desejos é essencial para a saúde mental. Bella, livre das inibições sociais, explora sua sexualidade de maneira aberta, confrontando e subvertendo as expectativas vitorianas de comportamento feminino. Essa liberdade sexual simboliza não apenas a emancipação pessoal, mas também uma crítica às estruturas patriarcais que buscam controlar o corpo e o desejo feminino.
A Figura do Cientista e a Paternidade Simbólica
Dr. Godwin Baxter, o cientista que ressuscita Bella, pode ser visto como uma figura paterna simbólica. Na teoria freudiana, o pai representa a lei e a ordem, introduzindo a criança ao mundo das normas sociais. No entanto, Baxter oferece a Bella uma liberdade incomum, permitindo que ela descubra o mundo por si mesma. Essa dinâmica subverte a tradicional relação pai-filha, sugerindo uma nova forma de orientação que valoriza a autonomia e o crescimento individual sem imposições rígidas.
Conclusão
Pobres Criaturas é uma exploração profunda da identidade, sexualidade e liberdade sob a ótica psicanalítica. A jornada de Bella desafia as convenções sociais e questiona as estruturas de poder que buscam controlar o indivíduo. O filme nos convida a refletir sobre a natureza da humanidade e a importância da autonomia na construção do self.