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Tempos Modernos
Análise Psicanalítica e de Saúde Mental em “Tempos Modernos”
O filme, embora seja uma comédia, é uma crítica contundente à industrialização e aos efeitos da modernidade sobre o indivíduo, especialmente em sua psique. Sob uma ótica psicanalítica, podemos identificar diversos aspectos ligados ao sofrimento psíquico, à alienação e à luta pela sobrevivência em um mundo regido por regras inflexíveis.
1. Alienação e Despersonalização do Sujeito
A cena icônica de Carlitos sendo engolido pela máquina ilustra a ideia de que, na sociedade industrial, o trabalhador é reduzido a um mero apêndice da engrenagem produtiva. Seu corpo e mente deixam de pertencer a si mesmos, tornando-se ferramentas do capital. Essa experiência é angustiante e leva a um estado de despersonalização, um fenômeno comum em transtornos de ansiedade e depressão, no qual o sujeito sente que sua identidade se dissolve diante da pressão externa.
2. O Colapso Psíquico e a Reação Psicótica
A exaustão mental e o colapso nervoso de Carlitos refletem uma resposta psíquica à exploração extrema. Ao ser forçado a repetir movimentos de forma incessante, ele perde a capacidade de distinguir o trabalho da realidade, evidenciando sintomas de um episódio psicótico induzido por estresse. A sua internação posterior pode ser vista como um reflexo do que Freud chamou de mecanismo de defesa contra o insuportável, onde a mente busca um refúgio quando não consegue mais lidar com a pressão da realidade.
3. A Miséria e o Inconsciente Coletivo
A personagem da jovem órfã representa a luta pela sobrevivência em um mundo onde o sistema econômico falha em acolher os mais vulneráveis. De acordo com Carl Gustav Jung, o sofrimento social e econômico gera traumas compartilhados que compõem o inconsciente coletivo, criando padrões de comportamento como a resistência e a rebeldia contra um sistema opressor.
4. A Repressão e a Neurose Social
O filme também aponta para a neurose social, um conceito que remete ao sofrimento psicológico coletivo causado por estruturas de poder opressivas. A perseguição da polícia a Carlitos e sua amada ilustra como a sociedade criminaliza a pobreza, intensificando um estado de medo e insegurança. Essa sensação de vigilância constante pode levar ao desenvolvimento de transtornos paranoides e uma hipervigilância extrema, sintomas comuns em quem sofre com estresse pós-traumático.
🎭 Conclusão: Um Riso que Esconde a Dor
Apesar do tom cômico, Tempos Modernos é um filme de profunda reflexão sobre o sofrimento psíquico causado pelo sistema capitalista industrial. Carlitos, com seu humor ingênuo, representa o indivíduo que resiste bravamente ao esmagamento da subjetividade. No final, ao caminhar com a jovem em direção ao horizonte, há um simbolismo claro: apesar das adversidades, o desejo pela vida e a busca pela felicidade persistem.
Dessa forma, Chaplin nos faz rir, mas também nos convida a refletir sobre as engrenagens invisíveis que operam dentro da mente humana quando submetida a um sistema que muitas vezes desumaniza mais do que humaniza.