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Meu Nome Não é Johnny

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2008124 min

Análise Psicanalítica e da Saúde Mental

Meu Nome Não É Johnny vai além do clássico filme de crime e ascensão ao poder, sendo um estudo sobre compulsão, identidade e fuga psíquica. João Estrella não é apenas um traficante, mas um homem perdido em sua própria busca por prazer e pertencimento.

1. O Vazio Existencial e a Busca pelo Prazer

João não entra no tráfico por necessidade financeira ou por sobrevivência, mas sim por um desejo inconsciente de preencher um vazio interno. Ele cresce em um ambiente confortável, mas parece sempre buscar algo além, uma emoção maior, um sentido para sua existência.

Freud descreve o princípio do prazer como a tendência humana de buscar a satisfação imediata e evitar o sofrimento. No entanto, para João, essa busca se torna compulsiva: ele precisa sempre de mais festas, mais excessos, mais risco. Seu envolvimento com as drogas não se limita ao consumo – ele precisa estar no centro do universo hedonista que cria para si mesmo.

2. O Tráfico Como Ilusão de Identidade

Desde o título, o filme sugere uma crise de identidade: Meu Nome Não É Johnny indica que João não se reconhece completamente no papel que assume. Seu nome verdadeiro quase se dissolve em meio ao personagem que ele cria para si mesmo.

Na psicanálise, Jacques Lacan fala sobre a alienação do sujeito no desejo do Outro – ou seja, muitas vezes construímos nossas identidades a partir do que acreditamos que os outros esperam de nós. João se vê como um cara divertido, generoso e livre, mas essa imagem é um escudo para esconder a desconexão que sente consigo mesmo.

3. A Droga Como Sintoma de Uma Sociedade Sem Limites

João não é um viciado tradicional, mas a droga está no centro de sua vida. No entanto, sua maior droga pode não ser a cocaína, mas sim a sensação de poder e liberdade que ela proporciona. Ele acredita que pode viver sem limites, que pode desafiar as regras sem consequências.

O filme também sugere um olhar crítico sobre a sociedade carioca da época, onde o consumo de drogas estava associado ao status social e à rebeldia glamorizada. João é, de certa forma, um reflexo de uma geração que buscava romper com padrões, mas sem perceber o preço de sua inconsequência.

4. O Colapso e a Necessidade de Enfrentar a Realidade

Quando João é preso, ele finalmente se depara com a consequência de suas escolhas. O cárcere funciona como um choque de realidade, um confronto com tudo aquilo que ele evitava ao longo da vida.

No entanto, sua trajetória não termina na punição, mas na possibilidade de reconstrução. Diferente de muitos filmes do gênero, Meu Nome Não É Johnny não glorifica a queda do protagonista, mas sugere que há uma saída para aqueles que estão dispostos a encarar sua verdade e buscar mudanças reais.


Conclusão: Quem É João Estrella?

A pergunta central do filme permanece: quem é João, afinal? Ele não é apenas um traficante, nem apenas um jovem perdido – ele é um homem que tentou fugir de si mesmo e precisou encarar sua própria história para se reencontrar.

Meu Nome Não É Johnny nos lembra que a identidade não é fixa, mas construída a partir das escolhas que fazemos. João Estrella encontrou sua redenção ao reescrever sua própria narrativa, provando que, mesmo após o erro, ainda há espaço para reconstrução.

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