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Divertida Mente

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201595 min

When 11-year-old Riley moves to a new city, her Emotions team up to help her through the transition. Joy, Fear, Anger, Disgust and Sadness work together, but when Joy and Sadness get lost, they must journey through unfamiliar pl

Análise Psicanalítica e Saúde Mental em Divertida Mente

O filme é uma verdadeira aula de psicologia e psicanálise sobre o funcionamento da mente humana, a construção da identidade e a importância das emoções reprimidas. Ele aborda o desenvolvimento psíquico da infância para a adolescência e a necessidade de integrar emoções complexas para alcançar um ego mais equilibrado.

1. O Conflito Entre Alegria e Tristeza: O Processo de Maturação

No início do filme, Alegria domina as emoções de Riley, acreditando que a melhor forma de protegê-la é garantindo que a felicidade prevaleça. Isso reflete uma visão inicial da infância, na qual a psique busca evitar o sofrimento e manter o prazer (princípio do prazer, descrito por Freud). No entanto, à medida que Riley cresce, a Tristeza começa a se manifestar mais, e Alegria tenta suprimi-la.

Na psicanálise, a repressão de emoções consideradas “negativas” pode levar a sintomas neuróticos, pois os sentimentos reprimidos sempre retornam de alguma forma (o retorno do recalcado). O filme mostra que a tentativa de afastar a tristeza apenas gera mais sofrimento para Riley, evidenciando que o desenvolvimento emocional saudável envolve a integração de todas as emoções, e não apenas da felicidade.

2. A Construção da Identidade e os Núcleos de Memória

No filme, a personalidade de Riley é representada por “ilhas” que simbolizam aspectos centrais de sua identidade (família, amizades, esportes, honestidade, etc.). Essas ilhas são sustentadas por memórias-chave, e quando Alegria e Tristeza desaparecem, a personalidade de Riley começa a desmoronar.

Isso remete à teoria da psicanálise sobre a importância da memória na formação do ego. Freud descreveu como experiências emocionais marcantes moldam o sujeito, e Lacan complementa ao afirmar que a identidade é estruturada pela linguagem e pelo imaginário. Quando Riley enfrenta um período de instabilidade emocional, seu “eu” entra em crise, e sua psique precisa reconstruir novas bases para sua identidade.

3. O Papel da Tristeza na Saúde Mental

No clímax do filme, Alegria percebe que Tristeza não é uma inimiga, mas uma parte essencial do equilíbrio emocional de Riley. Tristeza permite que Riley processe a perda, se conecte com os outros e encontre suporte emocional.

Isso se alinha com a visão psicanalítica de que o sofrimento não deve ser negado, mas simbolizado e elaborado. O luto, por exemplo, é um processo necessário para superar mudanças e perdas, e a tentativa de evitá-lo pode levar à melancolia ou a estados depressivos mais profundos.

A aceitação da Tristeza também reflete a ideia junguiana de individuação, um processo no qual o sujeito precisa integrar todos os aspectos de sua psique – inclusive aqueles que inicialmente rejeita – para se tornar um ser completo.

4. A Entrada na Adolescência e a Complexificação das Emoções

O filme termina com Riley aceitando a complexidade de suas emoções, simbolizada pelo surgimento de novas memórias que misturam diferentes sentimentos (felicidade e tristeza ao mesmo tempo, por exemplo). Isso representa a transição da infância para a adolescência, quando as emoções deixam de ser polarizadas e passam a ser mais sutis e multifacetadas.

Freud descreveu a adolescência como um período de intensas transformações psíquicas, onde conflitos infantis reaparecem e a identidade é reformulada. Em Divertida Mente, essa mudança é representada visualmente pela nova configuração do quartel-general de Riley, agora mais sofisticado e adaptável.


Conclusão

Divertida Mente é um filme extraordinário do ponto de vista psicanalítico, pois ensina de maneira acessível e simbólica como as emoções funcionam, como a identidade se forma e por que a tristeza é tão necessária quanto a alegria. Ele nos lembra que um psiquismo saudável não é aquele que evita a dor a qualquer custo, mas sim aquele que aprende a conviver com todas as suas emoções de forma equilibrada.

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