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Corra

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2017104 min

Chris and his girlfriend Rose go upstate to visit her parents for the weekend. At first, Chris reads the family’s overly accommodating behavior as nervous attempts to deal with their daughter’s interracial relationship, but as the w

Análise Psicanalítica: O Racismo Como Violência Simbólica e Apropriação da Identidade

Jordan Peele constrói “Corra!” como um thriller psicológico que transcende o horror convencional, explorando o racismo estrutural e suas consequências psíquicas. A trama simboliza a aniquilação da identidade do sujeito negro dentro de uma sociedade que o reduz a um corpo instrumentalizado.

A Hipocrisia do Racismo Liberal e o Superego Coletivo

A família Armitage representa um tipo de racismo que não se manifesta de forma explícita, mas por meio de uma falsa admiração e apropriação. Em vez do racismo violento e direto, eles operam no campo da violência simbólica (conceito de Pierre Bourdieu), onde o sujeito negro é reduzido a uma mercadoria desejada e cooptada sob o disfarce de progresso e inclusão.

O discurso dos Armitage – “teríamos votado no Obama por um terceiro mandato” – ilustra o superego coletivo da elite branca liberal, que busca se eximir da culpa histórica, mas continua se beneficiando das estruturas racistas. Freud descreveu o superego como uma instância moral opressora, e aqui vemos como ele opera coletivamente para manter as aparências enquanto esconde sua verdadeira intenção de dominação.

A “Sunken Place” – O Trauma e a Dissociação Psíquica

Um dos conceitos mais marcantes do filme é a “Sunken Place” (Lugar Afundado), para onde Chris é enviado quando hipnotizado pela mãe de Rose. Esta metáfora poderosa representa a dissociação psíquica do sujeito negro diante da opressão, evocando conceitos freudianos e fanonianos sobre identidade e trauma.

  • Para Freud, o trauma psíquico cria divisões no ego, fazendo com que o sujeito se desconecte da realidade.
  • Frantz Fanon, em Pele Negra, Máscaras Brancas, argumenta que o negro, em uma sociedade racista, é forçado a se enxergar sob a ótica do branco, resultando em uma fragmentação de sua identidade.

A “Sunken Place” representa esse estado de impotência, onde Chris ainda vê e ouve, mas não pode agir – uma alegoria para a opressão racial que silencia e paralisa.

A Apropriação do Corpo Negro e o Descartar da Mente

O experimento dos Armitage revela o horror definitivo: brancos ricos transplantam suas consciências para corpos negros, mantendo seus privilégios enquanto descartam a psique do hospedeiro original. Aqui, Peele simboliza a objetificação do corpo negro ao longo da história, desde a escravidão até o consumo cultural que expropria sem reconhecer o sujeito criador.

Na psicanálise, o corpo não é apenas um organismo físico, mas um território simbólico, um lugar de inscrição da identidade. O filme demonstra o que acontece quando o corpo negro é desejado e instrumentalizado, mas sua subjetividade é descartada – um processo que ressoa desde o colonialismo até a cultura contemporânea.


Conclusão: A Fuga Como Ativação do Desejo e da Sobrevivência

O título “Corra!” ecoa como um comando de sobrevivência, um grito que atravessa gerações. No final, Chris escapa não apenas fisicamente, mas psicologicamente, rompendo com a passividade imposta pela “Sunken Place”. Sua luta final representa a afirmação do sujeito negro diante de uma sociedade que tenta aprisioná-lo e apagá-lo.

Jordan Peele, com uma abordagem psicanalítica e social afiada, transforma o horror em uma ferramenta de crítica, revelando que os verdadeiros monstros não são sobrenaturais, mas sim os sistemas de poder que moldam e aprisionam a subjetividade.

eekend progresses, a series of increasingly disturbing discoveries lead him to a truth that he never could have imagined.

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