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A Família Addams 2

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199395 min

Análise Psicanalítica e Saúde Mental em A Família Addams 2

O filme brinca com o contraste entre os Addams e a normalidade convencional, subvertendo os papéis tradicionais da família e da sociedade. Sob uma perspectiva psicanalítica, a trama pode ser analisada através do conflito edípico, do desejo de reconhecimento e do contraste entre o inconsciente reprimido e o inconsciente libertador.

Debbie Jellinsky e o Arquétipo da Femme Fatale

Debbie representa a clássica femme fatale, um arquétipo junguiano da mulher sedutora e perigosa. No entanto, sua motivação não é apenas financeira – sua obsessão por matar maridos sugere uma relação mal resolvida com a figura paterna. A forma como manipula Fester reflete um mecanismo de repetição traumática, onde ela busca reviver, através da sedução e do assassinato, um conflito inconsciente não resolvido.

Na psicanálise, Freud descreveu o conceito de compulsão à repetição, no qual o sujeito, ao invés de evitar traumas passados, os recria constantemente em busca de um desfecho diferente. Debbie repete esse padrão assassino porque, inconscientemente, tenta resolver uma angústia interna ligada ao poder e à submissão nas relações amorosas.

Wandinha e a Rebeldia Contra o Simbólico

A participação de Wandinha no acampamento de verão é um dos momentos mais psicanalíticos do filme. O acampamento representa o grande Outro, ou seja, a ordem simbólica que impõe normas e expectativas sobre os sujeitos. Lá, tudo gira em torno da alegria artificial, do nacionalismo exagerado e da obediência às normas sociais – um ambiente que colide com a visão de mundo cínica e independente de Wandinha.

A cena em que Wandinha lidera uma rebelião durante a peça de Ação de Graças representa a recusa do sujeito a ser moldado pela estrutura simbólica imposta. Em vez de aceitar seu papel passivo dentro do espetáculo social, ela opta por uma revolta ativa, demonstrando um desejo próprio não mediado pelo Outro.

A Família Addams e a Subversão da Norma

Os Addams, de forma geral, representam a inversão do modelo familiar convencional. Enquanto a sociedade tradicional tenta reprimir desejos, pulsões e emoções genuínas, os Addams vivem de forma autêntica, abraçando a morbidez sem medo ou culpa. Isso faz deles um exemplo daquilo que Freud chamaria de ego integrado, ou seja, um grupo que aceita suas pulsões sem a necessidade de reprimi-las ou sublimá-las em convenções artificiais.

Essa dinâmica se destaca no contraste entre Gomez e Mortícia e os pais das crianças do acampamento: enquanto os casais tradicionais parecem alienados e emocionalmente desconectados, os Addams demonstram um amor verdadeiro e intenso, provando que o modelo de felicidade imposto pela sociedade pode ser apenas uma ilusão.

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