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Johnny & June

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2005136 min

Análise Psicanalítica

O trauma como origem do sofrimento psíquico
Desde cedo, Johnny Cash é marcado pela culpa e pela dor. A morte de seu irmão Jack, quando ainda era criança, funciona como um evento traumático que molda sua psique. Seu pai, uma figura fria e crítica, reforça a crença inconsciente de Johnny de que ele não é bom o suficiente, alimentando um profundo sentimento de inadequação. Freud diria que essa experiência cria uma ferida narcísica, levando Cash a buscar incessantemente aprovação e alívio em prazeres imediatos, como a música e, mais tarde, as drogas.

O vício como fuga do real
O abuso de substâncias por Johnny pode ser compreendido como uma tentativa de anestesiar o sofrimento psíquico. No pensamento lacaniano, o real — aquilo que não pode ser simbolizado ou plenamente compreendido — é insuportável, e o sujeito recorre a objetos de gozo para escapar dele. No caso de Cash, as anfetaminas e o álcool funcionam como um objeto de suplência, uma forma de tamponar a angústia da perda, do fracasso e da solidão.

June Carter: o amor como sustentação do eu
June Carter representa, para Johnny, tanto um ideal inalcançável quanto uma âncora para sua instabilidade. Sua presença funciona como um objeto de transferência, no qual ele deposita sua esperança de redenção. No entanto, como ensina a psicanálise, nenhum outro ser humano pode preencher completamente o vazio interno de alguém. O que realmente salva Johnny não é apenas o amor de June, mas a necessidade de olhar para si mesmo e enfrentar suas próprias dores.

A música como sublimação
A arte é um dos caminhos da sublimação, mecanismo psíquico que transforma impulsos destrutivos em algo socialmente produtivo. Johnny canaliza sua dor na música, transformando sofrimento em arte e permitindo que suas experiências pessoais ressoem com o público. É por isso que suas canções possuem um tom visceral e autêntico: elas são a expressão mais profunda de sua psique.

Conclusão
“Johnny & June” é mais do que uma cinebiografia; é um estudo sobre a fragilidade humana, a luta contra os próprios fantasmas e o poder da arte e do amor como agentes de transformação. O filme nos mostra que, embora possamos buscar refúgio no outro, a verdadeira redenção só ocorre quando estamos dispostos a confrontar nossos próprios demônios internos.

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